Nematobrycon palmeri (Eigenmann, 1911)
Sinónimos / Etimologia
- Nematobrycon amphiloxus (Eigenmann & Wilson, 1914)
- A raiz do binómio vem do grego: a palavra"nemato" quer dizer "filamento", ou "filiforme"; "brycon" é "morder", "ranger dentes" ou "comer avidamente", numa alusão aos maxilares totalmente dentados, sendo também um nome genérico. O resto do nome homenageia Mervyn George Palmer (1882-1954), o naturalista britânico que primeiro colectou o tipo. Palmer fez expedições pela Colômbia, Equador e Nicarágua — durante as quais descobriu 60 novas espécies para a ciência — e fez diversas colecções para o Museu de História Natural de Londres.
Classificação Taxonómica
Ordem: Characiformes > Família: Characidae
Distribuição Geográfica / Habitat
América do Sul, região da Amazónia colombiana. A espécie é endémica das bacias do rio San Juan e do rio Atrato, na região de Chocó, estando identificados distintos tipos locais dos géneros "Río Condoto", "Río Novita" e "Río Tamaña" (estes dois últimos localizam-se no sudoeste da Colômbia).
Encontram-se em toda a extensão desses rios, concentrando-se sobretudo nas secções onde a corrente se movimenta de forma relativamente lenta, no meio da densa floresta tropical, como os afluentes menores, os riachos e os remansos, de águas ácidas, escuras e onde existe muita vegetação subaquática. A região de Chocó é uma zona com ecossistemas únicos, que detém o mais elevado registo do mundo de precipitação anual média, com o valor 13.300 mm.
São peixes activos, pacíficos, sociáveis e gregários, que vivem sempre em cardume e preferem as partes intermédia e superior da coluna de água. Nos dias de hoje já não é comum ver exemplares selvagens em aquários, pois a maior parte dos espécimes disponíveis comercialmente são criados em cativeiro.
Parâmetros da Água
- Temperatura: 23-30°C (prefere 25-27°C)
- pH: 5,0-7,5 (prefere 5,8-6,8)
- Dureza: 18–120 ppm (Água macia a moderadamente dura)
Tamanho Máximo / Espaço em Cativeiro
Os machos atingem 5 cm em adultos. As fêmeas ficam ligeiramente menores. Recomenda-se como espaço mínimo um aquário de 65 litros.
Manutenção / Comportamento Social / Alimentação
Espécie de fácil manutenção, mesmo para principiantes. Estes peixes devem ser mantidos em cardumes de no mínimo 10 indivíduos e gostam de aquários com águas escuras, com rochas, troncos e raízes, mas sobretudo densamente plantados, com zonas de vegetação espessa. Em águas mais escuras as cores dos peixes são mais intensas e brilhantes. Dão-se muito bem em comunidade com outros tetras compatíveis em tamanho e temperamento e preferem plantas nativas das zonas tropicais da América do Sul.
Por vezes os tetras imperador podem ser um pouco territoriais entre si. Apesar de serem pacíficos — incluindo com outras espécies —, de serem muito sociáveis e de gostarem de nadar em grupo solto durante a maior parte do tempo, por vezes os machos diputam pequenos territórios de desova e defendem-nos. Mas as suas demonstrações de força resumem-se quase sempre à exibição das barbatanas esticadas, como forma de ameaça perante os adversários, pois raramente chegam a lutar. Também por isso devem ser mantidos num grupo com bastantes indivíduos, sendo que o aquário deve ter um comprimento superior a 50 ou 60 cm, para assegurar uma distância confortável entre os adversários mais aguerridos.
Aceitam todo o tipo de alimentos secos, mas como no seu habitat natural são um micropredador que se alimenta de pequenos insectos, vermes, crustáceos e outro tipo de zooplâncton, uma dose de alimento vivo ou congelado a cada dois ou três dias é apreciada. Na realidade, pequenas refeições frequentes de dáfnias, artémia (Artemia salina) e afins contribuirão para a sua melhor coloração e encorajarão os peixes a entrarem em condições de reprodução. O reforço da dieta com alimentos vivos é muito importante para se manterem activos e saudáveis e é fundamental para quem pretenda reproduzi-los.
Dimorfismo Sexual / Reprodução em Cativeiro
Os machos apresentam as terminações das barbatanas dorsal e caudal bem mais prolongadas quando estão sexualmente maduros e a sua barbatana anal tem uma borda branca delimitada por uma linha preta. Por regra têm também uma coloração mais acentuada do que as fêmeas nas barbatanas e na faixa azul do corpo. Fazendo incidir uma luz forte na cabeça dos peixes, os reflexos nas íris dos olhos dos machos serão esverdeados e nas fêmeas azulados.
A reprodução é à maneira típica dos tetras, com as desovas a serem feitas no substrato. Uma mudança de água fomenta as posturas e convém escurecer o aquário até os ovos eclodirem. Um tanque pequeno, com o volume de água sugerido como espaço mínimo, é perfeitamente adequado para a reprodução. Pode ser deixado um grupo de meia dúzia de reprodutores. Aliás, se forem proporcionadas as condições ideais, tanto em termos de qualidade de água como de replicação do seu habitat natural e alimentação, os peixes podem desovar regularmente, produzindo com facilmente mais de 150 alevins por casal e por desova.
Todavia, quando estes peixes não estiverem a fazer posturas com regularidade, muitos dos ovos também não costumam ser viáveis. Algo terá de ser corrigido nas condições do aquário (o pH e a dureza da água são muito importantes para a desova e para a reprodução) ou mesmo na alimentação.
Informação Complementar
Em 1958, William A. Kyburz, um exportador de peixes ornamentais sedeado em Bitaco, na Colômbia, descobriu este lindo tetra, que nunca tinha sido visto vivo até então, na região de Chocó, uma zona no sudoeste do país que se estende ao longo da costa do Pacífico desde o Panamá até ao canto noroeste do Peru, passando pelo Equador, sendo conhecida pela riqueza da sua biodiversidade.
Kyburz baptizou-o como Tetra Imperador e em 1960 exportou muitos exemplares da espécie para os Estados Unidos em 1960, onde foi retratada pela primeira vez na revista «The Aquarium».
Todavia, não se sabe ao certo onde foram feitas as primeiras capturas, pois quando os cientistas Stanley H. Weitzman e William L. Fink — que em 1970 estavam a trabalhar na descrição científica de outra espécie de tetras — tentaram obter essa informação já Kyburz tinha falecido. Foi assim, em sua homenagem, que a outra espécie de tetras em que estavam a trabalhar acabou por ser nomeada Pseudochalceus kyburzi (Schultz, 1966).
Bibliografia:
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