Muito mais do que uma questão estética
Mecânica. É tudo uma questão de mecânica, pois este tipo de filtragem artificial simplesmente nunca teria sido possível se não tivéssemos à disposição os equipamentos eléctricos que nos permitem hoje fazer circular a água dentro do aquário da forma que entendermos; podemos decidir o ponto por onde é que a água será aspirada e o grau de sucção e o ponto por onde será devolvida ao aquário, já limpa das maiores impurezas, além de podermos também dirigir esse jacto de água filtrada para o ponto que entendermos.
Quando falamos de filtragem mecânica, costumamos falar também de esponjas ou de algodão. Porquê? Porque se o princípio que está por detrás da filtragem mecânica é algo extremamente simples, os materiais onde serão retidas as impurezas que se encontram na água constituem outro dos seus principais componentes que não encerra segredo nenhum. A ideia neste tipo de filtragem é remover fisicamente partículas e detritos da água do aquário, fazendo com que ela circule através de um compartimento onde é colocado um material poroso que deixa passar a água mas aprisione em si essas substâncias.
Na esmagadora maioria das vezes, o uso de um algodão especial, de uma esponja, ou de outros materiais sintéticos, como massa filtrante é a solução mais simples e eficiente para recolhermos detritos, resíduos de plantas mortas, excrementos dos peixes, etc. Neste contexto, um aspecto que assume particular importância na escolha de um filtro mecânico é que eles precisam de ser removidos com frequência do aquário, para poderem ser limpos e se proceder à substituição das suas massas filtrantes com regularidade.
Caso contrário, os detritos, as impurezas e as restantes substâncias prejudiciais irão acumular-se no sistema e decompôr-se lentamente dentro dele, deteriorando as suas condições de higiene e afectando o ambiente no seu todo, tornando-o menos saudável, sendo que essa sujidade acabaria por provocar um clima de stress nos peixes e nos outros habitantes do aquário. E ninguém duvide que um dos segredos para um tanque bem sucedido passa precisamente por uma manutenção cuidadosa dos filtros mecânicos: ao mudarem-se regularmente as massas filtrantes será mais fácil conseguir manter o seu equilíbrio no longo prazo.
Adaptar o fluxo de água à capacidade do tanque
Existe todavia um aspecto muito importante para o bom desempenho deste tipo de filtros: o fluxo da água que circula através deles tem de ser apropriado, não podendo ser insuficiente nem demasiado. O débito deve ser adequado não apenas à capacidade do filtro mas sim à capacidade total do aquário; ou seja, ao escolhermos um filtro para assegurar esta função devemos certificarmo-nos de que ele se ajusta à dimensão do nosso aquário, pois um fluxo muito lento ou demasiado rápido não preencheria a função filtrante em condições satisfatórias.
Como regra geral, podemos estabelecer que o débito do filtro por hora deve ser no mínimo sensivelmente idêntico ao triplo da capacidade total do tanque, embora esta regra deva, obviamente, ser sempre adaptada às necessidades específicas dos seus habitantes. Se eles gostarem de águas calmas, esta taxa deverá necessariamente ser menor; se gostarem de águas agitadas, deveremos reforçá-la. Há casos em que um débito correspondente a cinco vezes a capacidade do tanque até pode ser ideal, se a espécie de peixes que mantemos gostar de correntes mesmo muito fortes. E sabia que isso até se consegue perceber pela forma do corpo deles? Mas o problema é que hoje em dia os débitos da maior parte dos filtros mecânicos já vêm estabelecidos pelos fabricantes, havendo portanto vantagens em colocar-se mais do que um filtro no aquário por forma a atingir os parâmetros desejados.
Pessoalmente, preferimos manter sempre dois filtros, no mínimo, em cada aquário. Isto por duas razões. A primeira é porque os filtros mecânicos acabam também por funcionar como filtros biológicos ao fim de algumas semanas; desta forma, sempre que fazemos a manutenção de um continuamos a ter o outro ainda a cumprir essa função e nunca mudamos as massas filtrantes dos dois ao mesmo tempo. A segunda razão é porque se, por algum motivo, um deles falhar, o outro assegurará a filtragem mecânica do sistema, sendo isto um ponto particularmente importante dado que muitas vezes os filtros entopem ou avariam-se, o que vem a dar no mesmo. Se isso acontecer, não há nada como ter um backup.
A filtragem mais versátil de todas
Aliás, a questão dos entupimentos pode ser resultado de uma má manutenção, pelo que convém verificar com regularidade a saída do fluxo de água. Filtros que não são mudados podem conduzir a um fluxo reduzido ou até a água estagnada... Uma das soluções que ajuda a prevenir problemas desta natureza é conjugar sempre dois tipos de massas filtrantes para a retenção dos detritos, colocando em primeiro lugar uma esponja que retenha os resíduos de maiores dimensões e deixando o algodão para a segunda camada, onde já só ficarão retidas as partículas mais pequenas. Já agora, optando por um filtro externo convém também limpar os tubos regularmente, pois essa pequena operação pode devolver até 30% do caudal ao filtro.
Actualmente existem filtros mecânicos de variadas formas e feitios, sendo que os meios filtrantes disponíveis para assegurar esta função não são menos diversos. Tal como nos outros tipos de filtragem, a combinação da remoção mecânica dos detritos do aquário com a filtragem biológica ou a filtragem química acabará sempre por ser a solução mais eficiente e funcional. No entanto, na maior parte dos sistemas de filtragem combinados, a função mecânica dos filtros surge frequentemente primeiro, podendo, com o decorrer do tempo, o filtro passar a assegurar igualmente a limpeza biológica.
Com efeito, na maioria dos aquários é melhor começar por remover fisicamente a sujidade da água antes de a fazer passar por outros sistemas de filtragem, embora alguns sistemas também incluam a filtragem mecânica no final do ciclo de limpeza da água, fazendo-a passar por um meio filtrante muito fino com vista a torná-la perfeitamente cristalina. Para falar verdade, a filtragem mecânica pode ser usada em quase todos os filtros, convertendo este sistema de tratamento da água no mais versátil de todos os tipos disponíveis: praticamente todos os filtros podem alojar uma massa filtrante mecânica. Entre esses podemos referir os seguintes:
- Filtros motorizados — Estes equipamentos consistem numa bomba motorizada que suga a água do aquário pela base do motor, com a ajuda de uma ventoinha, e a devolve depois pelo topo, num jacto com um fluxo controlável e dirigível. Por regra são para ser utilizados semi-submersos e podem igualmente ser acoplados ao elevador da placa do filtro de fundo ou então complementados com compartimentos especiais, onde ficam alojados os vários tipos de massas filtrantes. Quando usados desta última maneira podem servir igualmente para assegurar filtragens biológicas ou químicas. As cabeças motorizadas destes filtros são estanques, silenciosas, gastam pouca energia e permitem uma cómoda manutenção.
- Filtros externos de balde — Na sua maioria possuem hoje a sua própria bomba motorizada que aspira a água do aquário para um reservatório em forma de balde, oferecendo grandes capacidades de filtragem. Os mais modernos já estão todos equipados com compartimentos tipo cestas, parecidos com peneiras, que se empilham e arrumam dentro do balde, permitindo que se conjugem comodamente as massas filtrantes que quisermos utilizar. Quanto aos débitos, existem hoje tantas variedades destes filtros que se torna fácil encontrar um modelo com a capacidade adequada.
- Filtros internos — Funcionam dentro do aquário, submersos, sendo alimentados por uma bomba própria e possuindo um compartimento para alojar as massas filtrantes. Existem em diversas formas e com vários volumes, sendo de design muito simples e extremamente fáceis de operar. Funcionam muito bem com aquários pequenos mas para tanques de maiores dimensões necessitam por norma de ser conjugados com outros. São um excelente complemento na filtragem de aquários maiores.
- Filtros seco/húmidos — O mecanismo de base é bastante semelhante ao dos tradicionais filtros externos de balde, mas aqui o reservatório é composto por múltiplos compartimentos onde se coloca o mesmo material filtrante, que irá assegurar ao mesmo tempo a filtragem mecânica e biológica. Fazendo a água passar à vez entre esses compartimentos e alternando o ciclo com espaços em que esses mesmos compartimentos são escorridos, passando a ficar num clima seco, os filtros seco/húmidos criam o ambiente ideial para o desenvolvimento das bactérias aeróbicas e para a decomposição dos resíduos orgânicos de maiores dimensões que tenham ficado retidos nas massas filtrantes. O controle da alternância entre clima seco e húmido na câmara é feito com a ajuda de um êmbolo.
- Filtros diatomáceos — São também muito semelhantes aos tradicionais filtros externos de balde em termos de design, só que aqui a água passa através de uma poeira extremamente fina de terra com diatomáceas. São considerados "o último grito" em filtros mecânicos, pois a maior parte deste género de equipamentos consegue remover da água partículas com menos de 3 mícrons de tamanho. Todavia, há quem afirme que nem tudo são vantagens: está ainda por esclarecer se não filtrarão em demasia a água, retirando-lhe elementos benéficos. São excelentes para aplicações temporárias.