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Espada-de-Celofane

Echinodorus berteroi (Sprengel) (Fassett, 1955)

Echinodorus berteroi (Sprengel) (Fassett, 1955)
Sinónimos
  • Alisma berteroi (Sprengel, 1825), Alisma rostratum (Nuttall, 1837), Alisma sprengelii (Rich. ex Kunth, 1841), Echinodorus rostratus (Nuttall) (Engelmann, 1891), Echinodorus patagonicus (Sprengel, 1901)

 

Classificação Taxonómica

Ordem: Alismatales > Família: Alismataceae

 

Características

Planta com estrutura em forma de roseta. Apropriada para aquários e lagos, pode crescer tanto submersa como semi-emersa. As folhas submersas são transparentes e variáveis, enquanto as folhas aéreas assumem a forma de coração. As inflorescências são ramificadas e ocorrem maioritariamente na forma emersa.

 

  • Grau de Dificuldade: Relativamente robusta, embora as folhas submersas sejam quebradiças e tenras (o que as torna vulneráveis a assaltos por herbívoros). De fácil manutenção, aprecia trocas de água regulares
  • Necessidades de Iluminação: Luz moderada a medianamente intensa, com fotoperíodo de dias médios a longos
  • Taxa de Crescimento: Média. Um substrato rico em nutrientes, designadamente em ferro (Fe), é benéfico para o seu desenvolvimento, mas não é indispensável. Esta planta desenvolve-se mesmo sem fertilização suplementar. Também não exige CO2 suplementar, pois basta-lhe uma concentração de 15-25 mg por litro
  • Posição no Aquário: Indiferente, pois tanto pode ser usada como planta semi-emersa em tanques abertos e paludários, como planta de fundo ou em posição intermédia

 

Distribuição Geográfica / Habitats
Distribuição geográfica da espécie
Distribuição geográfica da espécie

 

Bastante distinta das outras espécies do seu género em muitos aspectos, a Echinodorus berteroi, vulgarmente conhecida como Espada-de-Celofane, é bem conhecida e apreciada há muito tempo no meio aquariófilo, tanto como planta de aquário como para paludários e até lagos. Infelizmente, nos dias de hoje é raro conseguir encontrá-la no comércio da especialidade. Tal como muitos outros membros da família Alismataceae, esta planta aquática é anfíbia e carateriza-se por uma vasta distribuição geográfica, que vai desde os EUA, a Norte, cruza os trópicos, incluindo as Caraíbas, e se estende até a Patagónia, a Sul, facto que explica a sua tolerância a uma grande amplitude térmica e a sua capacidade de adaptação a condições químicas da água muito diferentes.

 

A Echinodorus berteroi é uma planta comum em áreas de pântano, encontrando-se frequentemente desde as vastas regiões alagadas da Lousiana e da Geórgia, na América do Norte, até aos pântanos de turfa argentinos e chilenos da Patagónia, na América do Sul. Todavia, também é usual encontrá-la nas margens dos lagos e das lagoas, até mesmo em charcos e poças rasas sazonais, sendo que nestes últimos casos ocorre principalmente como uma planta anual em corpos de água que secam periodicamente, que normalmente evaporam durante o Verão. À medida que o período estival vai avançando, a temperatura sobe e a água vai recuando, também o crescimento emerso da planta se desenvolve, juntamente com as inflorescências que produzem sementes. De facto, as inflorescências multiramificadas ocorrem geralmente fora da água, gerando pequenas flores brancas, seguidas de frutos espinhosos com muitos aquénios, um tipo de fruto seco, monospérmico e indeiscente, em que a semente se une à parede do pericárpio por um só ponto.

 

Por norma, em muitos habitats na Natureza as plantas morrem após a floração, quando a temperatura começa a baixar, com o advento das épocas mais frias do ano. As plantas juvenis começam a crescer quando charcos e as poças se enchem novamente, com as chuvas da Primavera e o regresso dos dias mais quentes. Nesses casos, quando chega a estação das chuvas e a temperatura começa a subir, as plantas germinam sob a água a partir das sementes, desenvolvendo-se primeiro em forma de tiras, depois com umas folhas lanceoladas e ovalizadas submersas, seguidas de folhas flutuantes e aéreas em forma de coração. Ao invés, em aquário é possível alterar o seu ciclo de vida anual, que vai desde a germinação das sementes na estação chuvosa até à maturação em planta adulta, passando a ser cultivada como planta perene.

 

Entre as razões que tornaram esta planta tão apreciada pelos aquariófilos está certamente a sua folhagem submersa muito diversa, com uma textura fina e transparente muito decorativa, sendo aliás daí que provém o nome «Espada-de-Celofane». Essas folhas submersas têm uma nervura que forma um padrão de grade de luz conspícuo, sendo que as folhas mais novas apresentam tons que vão do verde dourado a um avermelhado. Esta espécie de Echinodorus pode atingir mais de 50 cm de altura na forma submersa, mas por regra costuma ficar bastante menor em aquário, tudo dependendo muito das condições que lhe forem proporcionadas. Já na forma emersa, em lagos e com boas condições, pode facilmente ultrapassar os 70 cm de altura.

 

Parâmetros da Água

 

  • Temperatura: 10-28°C (prefere 20-26°C)
  • pH: 5,5-8
  • Dureza: 1-350 ppm (água macia a muito dura)

 

Tamanho Máximo

 

  • Altura: 20-80 cm
  • Largura: 10-40 cm

 

Cultivo / Propagação

 

Considerada uma excepção entre as plantas do género Echinodorus, porque a sua distribuição se estende às zonas temperadas, a berteroi é uma planta pouco exigente, que se dá bem com iluminação moderada, crescendo mais exuberantemente se dispuser de um substrato rico em nutrientes. Deve ser plantada isolada num espaço aberto ou em grupos soltos, endo o cuidado de lhe proporcionar a área de que necessita para o seu pleno desenvolvimento. Pode também ser plantada como espécime central no tanque. O fornecimento de CO2 não é obrigatório, mas alavanca o crescimento. Em aquário, em modo submerso, esta planta produz por vezes plântulas adventícias que podem ser removidas e cultivadas como novas plantas autónomas. A planta não forma nunca plantas-filhas nas folhas, propaga-se sobretudo por sementes, embora na forma emersa se possa propagar tanto por sementes como dividindo rizomas.

 

A delicada folhagem submersa é quebradiça e muito propensa a danos por caracóis e peixes herbívoros. Depois de muitas folhas submersas, aparecerão por fim as folhas flutuantes e emersas, especialmente em condições de dias longos, ou seja, com mais de 12 horas de luz por dia (convém não esquecermos que a vasta distribuição geográfica da planta a fez adaptar-se evolutivamente às grandes diferenças de temperatura e de fotoperíodos nas distintas estações do ano). Em aquário, o natural desenvolvimento da planta para a forma emersa pode ser retardado com uma iluminação que simule dias curtos, com um período de luz diária coerente inferior a 12 horas, bem como com um substrato mais pobre.

 

Caso contrário, a Echinodorus berteroi pode ser mantida como planta semi-emersa em aquários parcialmente cheios e de preferência cobertos, para manter um nível de humidade atmosférica adequado e evitar que as folhas emersas sequem, uma situação que fomentará claramente as inflorescências. Por vezes desenvolvem-se plantas-filhas na base da roseta foliar, que se podem separar para dar origem a novas plantas autónomas, mas a propagação por sementes é claramente o método de cultivo mais produtivo. Na Natureza, a frutificação desta espécie é garantida pela autopolinização e os aquénios secos maduros permanecem germináveis ​​por alguns anos. Para serem usados em sementeira, os aquénios podem ser espalhados num vaso com água e substrato à base de areia argilosa. As primeiras mudas começarão a aparecer depois de ter passado à volta de uma semana.

 

Informação Complementar

 

Com a sua folhagem submersa transparente e de diversas formas, a Espada-de-Celofane é uma espécie muito atractiva e cujo ciclo de desenvolvimento é também muito interessante de observar, em particular pelo seu ciclo de vida anfíbio e pela sua resposta à duração do dia. Talvez sejam até essas características que a tornam numa das espécies mais interessantes do seu género e também seguramente uma das plantas do tipo das «Espadas» mais estimulantes no que toca ao cultivo. Em aquários espaçosos, os exemplares grandes desta espécie causam sempre um efeito impressionante como plantas centrais. No entanto, as folhas emersas verde-escuras em forma de coração e as inflorescências ramificadas desta planta também ajudam a criar um efeito visual muito agradável em aquários abertos e paludários maiores.

 

Mas ainda sobre as as folhas da Echinodorus berteroi, é surpreendente verificarmos como assumem formas altamente variáveis, sendo qu​​e tipicamente essas formas correspondem aos diferentes estados de desenvolvimento da planta: começam por ser em forma de tira no estado inicial submerso; a seguir assumem uma forma de flecha com ponta afiada e lobos posteriores pontiagudos, sendo esta forma a mais comum em crescimento emergente; depois evoluem para a forma de pás com pontas pontiagudas ou arredondadas e os lóbulos traseiros arredondados, sendo este o aspecto mais prevalente na folhagem flutuante; e por fim apresentam-se como lâminas foliares de formato elíptico estreito.

 

As folhas desta planta têm entre 3 e 13 nervuras, sempre em número ímpar, com uma rede conspícua de linhas pelúcidas com aspecto de tubos leitosos entre elas. As folhas novas tanto podem ser verde-claras como verde-avermelhadas, mas as folhas mais velhas são sempre verde-escuras. Tanto nas folhas mais velhas quanto nas mais novas as nervuras e as linhas transparentes são verde-claras. As folhas submersas são muitas vezes semi-transparentes, daí o nome comercial Espada-de-Celofane.

 

Seja em aquário ou num lago, esta planta registará sempre um crescimento submerso, flutuante e emergente com inflorescências de até 30 cm de altura se receber mais de 12 horas de luz por dia. Em aquário, para forçar o adiamento do crescimento emergente indesejado e manter a planta no estado submerso, a duração da iluminação deverá ser inferior a 11 horas e a intensidade moderada. Todavia, como já vimos, a Echinodorus berteroi tem uma invulgar capacidade de adaptação e consegue desenvolver-se tanto em água macia ou dura e com uma intensidade de luz média a alta. Embora não seja imprescindível, recomenda-se um substrato fértil e manter a temperatura entre 20 e os 26°C. As inflorescências não dão origem a plantas-bébés, mas as sementes são altamente férteis. Em pequenas, as plantas cabem num tanque de 120 litros, mas uma planta adulta ocupará facilmente dois terços de um tanque de 350 litros. Basicamente, trata-se de uma planta pouco exigente muito fácil de cultivar com iluminação e condições adequadas.

 

Por último, apesar desta planta não ter um uso específico no paisagismo subaquático, devemos notar que pode ser um enchimento muito eficaz quando utilizada como planta de fundo. Os exemplares mais jovens também são adequados para colocação na zona intermediária e sua impressionante folhagem diáfana é um belo contributo num tanque com peixes de cardume, com cores vivas.

 

Bibliografia:

 

Kasselmann, Christel (2001): «Echinodorus. Die beliebtesten Aquarienpflanzen», Dähne Verlag GmbH, Ettlingen, Alemanha

 

Hiscock, Peter (2003): «Encyclopedia of Aquarium Plants», Barrons Educational Series Inc., Hauppauge, NY, EUA