Cientistas identificam recifes de coral mais em risco
Cientistas identificam recifes de coral mais em risco
Os dez recifes de coral mais ameaçados do mundo, ricos em espécies marinhas encontradas apenas em áreas muito reduzidas — e, por conseguinte, altamente vulneráveis à extinção —, foram identificados pela primeira vez num estudo conduzido por cientistas do Centro para a Ciência de Biodiversidade Aplicada (CABS, na sigla em inglês), da organização Conservation International. O estudo, publicado na Science Magazine, contraria um conceito há muito estabelecido, segundo o qual seria improvável a extinção de espécies marinhas devido à actividade humana, porque aquelas se encontram em vastas áreas geográficas.
Os cientistas efectuaram o estudo para melhor identificarem as áreas prioritárias de conservação, mas afirmam que 25 por cento dos recifes do mundo foram já destruídos ou muito danificados pela mudança climática, enquanto 58 por cento estão ameaçados pela actividade humana.
Os dez "pontos quentes", ou seja, em maior perigo, organizados consoante o grau de risco em que se encontram, são as Filipinas, o golfo da Guiné, o arquipélago de Sunda, as ilhas Mascarenhas meridionais, a costa oriental da África do Sul, o Norte do oceano Índico, o Japão meridional, Taiwan e o Sul da China, as ilhas de Cabo Verde, as Caraíbas Ocidentais e o mar Vermelho e o golfo de Aden.
Estas dez zonas constituem apenas 0,017 por cento da área dos oceanos, mas contêm 34 por cento das espécies com habitats mais restritos. Aliás, os cientistas identificaram essas zonas precisamente através da localização geográfica de 1700 espécies de peixes que vivem nos recifes, de 804 espécies de corais, de 662 espécies de lesmas-do-mar e de 69 espécies de lagostas.
Oito das dez zonas em perigo situam-se junto a habitats terrestres igualmente ameaçados, regiões com elevadas concentrações de espécies. Por isso mesmo, as actividades humanas que destroem esses habitats terrestres estão igualmente a contribuir para a destruição dos recifes de coral.
A agricultura, a desflorestação e outras actividades, de que resultam grandes quantidades de sedimentos, nutrientes e outros poluentes, derramados nas águas costeiras, bem como a pesca intensiva e a mudança climática, são as causas principais da destruição dos ecossistemas dos recifes. Importante é o facto de a degradação dos recifes poder vir a custar a algumas das mais pobres populações do mundo uma crucial fonte de alimentos e, em muitos casos, o seu modo de vida.
«Sabemos que, a menos que se tomem medidas imediatas, as espécies marinhas começarão a extinguir-se, porque se perde a biodiversidade como consequência da destruição dos habitats. Este estudo pode ajudar-nos a criar uma estratégia, de que necessitamos urgentemente, para identificar os locais onde a biodiversidade está a reduzir-se muito rapidamente», comentou o principal autor do estudo, Callum Roberts, da Universidade de York, no Reino Unido.
A criação de reservas marinhas é uma das medidas que deviam ser tomadas rapidamente, disse Roberts, sublinhando o facto de seis por cento das terras do planeta se situarem em parques naturais, enquanto no mar a percentagem de áreas protegidas é inferior a 0,5 por cento.
«A conservação marinha provou já ser altamente benéfica. As reservas marinhas pagar-se-ão a si próprias, se convenientemente administradas, porque os peixes vivem mais tempo, crescem mais e podem repovoar zonas de pesca adjacentes. Cinco anos depois da criação de um conjunto de reservas em redor da ilha de Santa Lucia, nas Caraíbas, as capturas de peixe quase duplicaram», acrescentou o cientista.